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quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

Choro com Beth e Clarice

Ontem fui assistir uma peça com dois grandes amigos da cultura. Amamos fazer dias culturais. Primeiro fomos no cinema Itaú assistir a um documentário sobre Sobral Pinto, um advogado brilhante que ajudou muitos presos políticos na época da ditadura (depois farei uma resenha). Acho que vale muito à pena assistir. Mas neste momento falarei do espetáculo que assisti no mesmo dia. Simplesmente eu - Clarice Lispector. Trabalho realizado pela brilhante Beth Goulart retratando a vida, ou melhor, a imagem que Clarice fornecia através de seus textos e entrevistas. Fiquem agora com o que vivenciei.




Hoje acordei chorando por um sonho que simplesmente me dava um tapa na cara, e fiquei me perguntando se fora a impressão que essas duas mulheres me passaram ontem: Clarice Lispector e Beth Goulart.

Primeiramente, quero pedir desculpas a ambas pela minha ignorância perante as duas. Clarice meu conhecimento sobre você são os textos que apenas me foram apresentados nos livros didáticos e nas provas de escolas e não sou uma amante da língua, não sei nem lidar com ela. Essa falta reconhecida será mudada agora perante uma promessa que estou fazendo a você a partir deste post.

E me envergonho de dizer isso mas, Beth, só conhecia seu trabalho pelo que me era apresentado através da Globo, e sinceramente me arrependo e me constranjo por tê-la julgado mal. Não deveria ter feito um pré-julgamento de qualquer trabalho fornecido pela Globo. Acredito que um dia ela teve alguma dignidade e acredito que ainda há, embora não a encontre sozinha. Mas hoje apenas acho uma agressão como ela desvirtua o trabalho do ator. O que ela nos apresenta não é arte, e o que você fez na noite passada o é.

Esse post não vai ao ar agora, não vou escrevê-lo e apertar um botão de envio, não acho justo perante as duas e me envergonharia de tal fato. Vocês me fizeram pensar e refletir no que estou fazendo de minha vida, um fato existencial. O que quero ser? Mostrar? Tenho que parecer forte, se não, não sou digna? O que é força? Posso falar? Simplesmente ser e agir?

Cheguei a acordar hoje às sete horas da manhã sem minha mãe ter que lutar para tal, apenas, levantei. Com o desejo de escrever, de me fazer pensar. Obrigada às duas por me fazerem pensar e em querer lutar por algo. Quero ser algo, e hoje me é mais claro o que quero ser, vejo um caminho que antes não me era possível, era apenas breu.

Beth você me mostrou o que é um trabalho de atriz, um trabalho de estudo fundamentado, um trabalho seu, de vida. Me alegro em tê-lo vivenciado e é isso que eu quero fazer. Me espelho agora nessas duas mulheres brasileiras e sou capaz de dizer: quero fazer arte, quero fazer teatro! E com muita dor do vício existente me eliminarei dos meus TABUS e estudarei. Porque é disso que vive um ator, afinal um amante de seu trabalho ESTUDA. E eu o farei!


Percebo agora que lutava ao léu contra movimentos que eu tinha que vivenciar, pela imaturidade e pouca idade que tenho eu fugia. Como é difícil existir, né Clarisse?! Vejo isso agora. Pelo menos sei que existo, pois estou pensando em algo e isso já me é confortador.

Por fim agradeço a vocês por serem tão corajosas e generosas e disponibilizarem o que é tão essencial  para ambas, sua arte.


                                                                                                  Fim

Disponibilizarei um vídeo de uma famosa entrevista da Clarice que inclusive a Beth interpreta maravilhosamente bem. Quem quiser... clica aí. 



Um comentário:

  1. Julia, vi hoje a entrevista de Clarisse. Quanta tristeza. As respostas quase monossílabos parecem cavar fundo na alma dela e na nossa. Me lembrei de Artaud para quem a arte estava profundamente imbricada na vida. Sua arte era sua vida e seu processo criativo um caminho de vida e de morte. Vou ler Clarisse.Grato pela indicação, beijo, ney

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